1/2 Maratona Internacional da Nazaré
Para mim é benção, não só fazer corrida, corridas e chegar a terminar meias maratonas e maratonas, mas fazer parte de "festas" como a Meia Maratona Internacional da Nazaré. Orgulhosamente já tenho 3 pratos (recompensa habitual de Finisher na Nazaré), e é com entusiasmo que, sempre que me seja possível, lá hei-de voltar!
(hei-de ter um serviço para 12 pessoas! ;P )
Ali, na minha terceira vez na meia, baixei pela primeira vez das 2h! Uau!!
Uau? Uau nada... nada de especial, diriam quase todos. Mas para mim, é conquista importante!
Mas muito para lá dos tempos, que, ainda assim, sem serem brilhantes (nunca são!), tem sido sempre bonzinhos, ir correr a Meia da Nazaré é muito mais que corrida, e é muito mais que tempos!
- 13.11.2016 - 1:57:45 (5:31/km) 457°...633 finishers
- 12.11.2017 - 1:56:34 (5:29/km) 412°...570 finishers
- 11.11.2018 - 1:53:24 (5:20/km) 559°... 718 finishers
A Mãe das Meias-Maratonas
em Portugal
A Meia Maratona Internacional da Nazaré é a mais antiga prova da distância corrida em Portugal e a segunda mais antiga da Península Ibérica.
Corria o ano de 1975 quando pouco mais de uma centena de aventureiros se juntaram para correr a primeira Meia-Maratona em Portugal. O vencedor foi o atleta Anacleto Pinto, em representação do Benfica, com a marca de 1:11:59 horas.
A Nazaré tornou-se a maior prova portuguesa nos anos 80 do século passado, com edições que chegavam aos 4.000 atletas. Apesar da proliferação das corridas populares, a Meia da Nazaré continua a ser uma das provas mais emblemáticas do País.
Há toda uma mística e tradição que qualquer um que ali vá, não fica garantidamente indiferente. Como uma vez li, não... a Meia da Nazaré não é ir dar a volta num bidon a meio de não sei bem onde! Para além da sua antiguidade como prova, e dos records em número de participantes que teve em outros tempos, aquela marginal... aquela praia... aquele povo!
O povo português tem uma postura muito própria quando se trata de apoio a eventos desportivos, que não o futebol. O nosso desporto é a bola, e aí sim, nós vibramos, gritamos, rimos, choramos e praguejamos.
Outros desportos...sim, a malta gosta! Gosta mas não assim tanto. E então corridas!!
Sair de casa para ver uma data de "gente doida" a passar na estrada. Faça chuva, Faça sol!!!
Esquece! Quase ninguém lá vai estar à beira da estrada a ver. E muito menos a apoiar! Isso então é que é mesmo difícil!
Não percebo como (ironizando), as gentes de outros países, menos desenvolvidos, claro, tipo Espanha, França, Inglaterra, Holanda ...e por aí fora, conseguem sair à rua, em massa, independentemente das condições climatéricas, para apoiar. E se apoiam! Apoiam e não é pouco! Apoiam muito, e apoiam todos, sem exceção!
Se vais em primeiro, apoiam-te pois és o maior. Se vais a perseguir, apoiam-te para que consigas. se vais cá pra tráz, apoiam-te para que não desistas. E se vais em último, apoiam-te igual, porque vais ali!
Mas em Portugal, não!
Em geral, o pessoal não vai ver corridas, e os que vão...por norma demonstram apoio de forma discreta.
Mas assim não é na Nazaré! As pessoas vêm para a rua. E vêm apoiar desconhecidos. Não acredito que cada casa e cada família Nazarena tenha um participante na Meia da Nazaré! O povo vem apoiar os participantes, sejam eles quem forem e venham de onde vierem. E Então se calhamos a ter um dia de sol para a corrida... aí tu vais vê-los em massa, e entusiasmados, e as nazarenas no seu traje típico, vestidas a rigor. E música, e festa, e animação. E mesmo no percurso, enquanto vais virar ao bidon, no meio do nada, tu vês pessoal, e recebes apoio, nas aldeias, nos cruzamentos, nas curvas, e nas casas.
É por isto e mais, que correr a Meia da nazaré é algo único, marcante, diferente de tudo o que se vive em Portugal, e uma experiência absolutamente a viver, senão sempre que possível, pelo menos uma vez na vida!
A primeira vez que ali fui correr, fui bem curioso. Tinha ouvido falar da mística e tinha que ir lá ver aquilo. Moro perto, a Nazaré é para muitos da minha cidade a praia de eleição, mas nunca o foi para mim. De tão especifica que é, é um local que me foi conquistanto a pouco e pouco... e se em tempos, não atinava nadinha com o local, hoje, gosto! Aliás, tenho vindo a gostar cada vez mais daquela marginal, daquela praia, do sítio, do rochedo, das ondas, dos surfistas, das casas de petisco à beira praia, e claro... das gentes!
E claro, correr ali tornou toda esta relação mais próxima!
Fui ali testar a 1/2 depois de 2 tentativas superadas. Não vou dizer falhadas, pois ir não é falhar! E terminar muito menos! Terminar uma meia Maratona nunca vai ser falhar!
Mas obviamente que achava que para além de terminar, podia perseguir algumas metas... e fui à Nazaré atrás de uma meta que me parecia alcançável. Correr a 1/2 em menos de 2 horas!
Parecia-me possível, e era apetecível, embora estivesse distante.
Tinha terminado duas vezes, e por mais que o treino estivesse feito, aquela distância acabava sempre por moer, e passados 12, 13, 14 kms... mais cedo ou mais tarde, lá aparece sempre a/o "marreta". E eu estava a 16 minutos desse objetivo, o que, nestes contextos... é bué!
Sou muito indisciplinado a treinar, e nesta fase estava a fazê-lo sofregamente. Só me apetecia acumular kilometros. kms e mais kms, sem paragens, sem descanso, sem treino específico, sem treino de força, velocidade... nada. Só correr!
Com isto ganhas essencialmente duas coisas...calo e uma cabeça muito fresca!
Tanta hora de treino, sempre (mais ou menos) igual, sem dúvida faz-te refletir, pensar muito, e arrumar bastante bem o sótão. Fisicamente dá-te resistência e capacidade, mas a performance não apresenta melhorias significativas. E depois chegas às provas, entusiasmas-te com os ambientes e com os inícios, e acabas por chegar à reserva antes do fim!
Mas lá fui...em 2016. E consegui!! Estreei-me na Meia da Nazaré, adorei de facto, todo aquele ambiente, até porque esteve um belíssimo tempo na marginal! ...e consegui baixar das 2 horas! Foi uma daquelas provas, um daqueles dias, em que foi possível fazer o que havia a fazer. Sem superações, sem entusiasmos desmedidos, sem utopias no horizonte.
Fui ali baixar das duas horas, e de uma forma prudente, mas competente, foi o que fiz!
Não ia adiantar de nada achar que seria capaz de terminar no pódio, ou em menos de 1h30m ou mesmo em 1h45m...esse tipo de ideias habitualmente acaba mal!! Entranha-se nos sítios errados e acaba por nos obrigar a ceder e ficar àquem das possibilidades reais. As expetativas são importantes, mas devem ser moderadamente possíveis, senão vão derrotar-te em plena corrida.
Não fui em loucuras e terminei bem dentro do objetivo e com mais de meia dúzia de bons momentos e sensações para recordar.
Entretanto já lá voltei... no ano seguinte, lá estava!
...e no outro também! Hi hi hi!
A ideia até era lá ir picar o ponto todos os anos, mas acontece que nem sempre dá... e afinal de contas, as corridas são só um extra na vida.
Um belíssimo extra, diga-se. Que nos faz tão bem! Mas, se mais altos valores se levantarem, com pesar, é certo...mas, vamos ter que falhar! 😉
Quando voltei à Nazaré, no ano seguinte, por incrível que pareça, os objetivos eram os mesmos! lol lol
Claro que sim! Iam ser quais??
- Ir lá participar...excelente!;
- Terminar...simplesmente brutal!;
- Fazer menos de 2h...o tal extra espetacular!;
Não podia pedir mais. E ainda hoje não peço!
Essa segunda aventura, fica sempre na minha memória pela particularidade chata com que tive de lidar desde o sinal de partida.
Estava outra vez um dia magnífico, e a nazaré de gala para nos receber! Tudo bem, aquecimento feito, dorsal aplicado, sapatilhas no ponto, equipamento a postos... tiro de partida, e...
...aquela magia habitual!
Centenas a partir para mais uma aventura, centenas a apoiar, simplesmente lindo!
Menos lindo... quando, passado aquele primeiro frenesim e ambiente entusiasmente da partida, me virei para os meus botões, tirei a música de "pause" e me concentrei na voltinha que tinha pela frente!
Tudo bem, mas a música nunca saiu do "pause"! Fogo!!
Nem queria acreditar. Tinha sido cuidadoso, relógio carregado, phones carregados, ...tudo ligado, sincronizado, testado e absolutamente operacional antes do tiro de partida. E agora...nada!
Simplesmente nada! Tinha desmaiado, e por mais tentativas que fizesse, não estava a ser possível ressuscitar!
Fogo!!!
Nem queria acreditar no que me estava a acontecer...só me restavam duas hipóteses:
- parar e tentar um restart aos equipamentos;
- esquecer o som, e correr os restantes 20,5kms;
Pois, e parar...está quase sempre fora de questão!
Ok, se houver um motivo de força maior, tipo: uma queda valente, uma diarreia, uma má disposição mesmo forte... aceita-se uma curta paragem, sim! lol ;P Mas, felizmente, não era um destes casos...e então, altamente contrariado, e até aterrorizado, decidi que o melhor seria mentalizar-me que aquela seria a minha estreia na Meia Maratona SEM SOM, e com mais ou menos dificuldade, ia conseguir superar aquele contratempo.
Assim foi e, mesmo sem a companhia da minha banda sonora...lá fui por ali a fora.
A maior parte do tempo, afundei na matemática...devo ter feito a tabuada dos 7 e dos 9 até ao 9x564.
As médias também dão luta, claro! ...e cálculos de tempo, velocidade e distância. Acho que olhava para o relógio de 100 em 100 metros... mas (e esta é uma máxima absoluta), se continuares a caminhar, mais cedo ou mais tarde, mais perto ou mais longe, mais difícil ou mais fácil, pouco ou muito de cada vez (nem que seja um milímetro), hás-de chegar à meta a que te propuseste!
E eu (mesmo sem música), cheguei!
E ainda mais rápido que na edição anterior!
No ano seguinte, e como não há duas sem três, apresentei-me à partida uma vez mais!
Estava vivo, de boa saúde (e estas são 2 das permissas fundamentais para estas e quase todas as andanças), e ainda corria com gosto...
...então fui!
E este ano, já Maratonista, tinha grandiosos objetivos!
Os mesmos, claro! Quais outros fariam sentido?!
- Ir lá participar...excelente!;
- Terminar...simplesmente brutal!;
- Fazer menos de 2h...o tal extra espetacular!;
Falando de corridas, 2018 estava a ser um ano altamente marcante...
Acabei por percorrer mais de 2000kms em passo de corrida nesse ano. Tinha completado a minha 1ª Maratona em março e entretanto, já tinha ido buscar a Lisboa, uma 2ª medalha de maratonista!
Cheguei uma vez mais à Nazaré para correr a 7ª e última meia de 2018, e assim foi...com o mesmo entusiasmo, a mesma vontade, (desta vez com som, claro!), e o mesmo e grandioso ambiente que sempre rodeia esta corrida.
Voltei a participar; Voltei a terminar; Voltei a baixar das 2 horas; ...e voltei a melhorar a minha marca na Meia da Nazaré!
Talvez, pela inspiração do dilúvio que nem queria deixar a corrida começar, e que, debaixo dos toldos dos cafés e das umbreiras das portas das lojas...com água na avenida a chegar-nos aos tornozelos, nos fez subir a adrenalina e abençoou a partida para mais uma aventura inesquecível na mais antiga meia maratona de Portugal.